quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Depressa!!!

...DEPRESSA!!!

Ocorre a fresta da festa

e a hipótese que expanda-se

caso desfaçam-se empeços.

Porém existem ameaças

que a própria fenda se feche

que a festa finde ou se afaste.


Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Amanhã de Névoa.

AMANHÃ DE NÉVOA


De muito minha que fostes
No pouco que me tivestes
Já sinto que te pertenço
E te peço, intenso, na prece!

Ficar aqui sem você
Judia, esfria, entristece...
Já te lembrar, dá prazer!
Aquiesço que me aqueces.

Lembro o teu corpo despido
Quando meus braços te vestem
Parece que está florido...
- Eu juro que resplandeces!

Quem sabe um dia aconteça
Que esqueças que me esquecestes
E outra vez me apareças
Com manhas que me amanhecem!


Altair de Oliveira - In- O Lento Alento



Ilustração: "Lírios", da artista plástica Galit Maxwell

domingo, 17 de outubro de 2010

Sustentação

SUSTENTAÇÃO

Nestes dias de sol alto demais

a tristeza viceja no meu rosto.

Sou sintomas de luz esburacada

olhos sujos de cenas que não gosto.

Há lembranças dum sonho de herói

que forçaram ir rasgando

aos poucos...


Assim mesmo disfarço que suporto

inventar de buscar a minha sorte

calo calos de mágoas que me mordem

respirando este tempo que me dói

pra fugir de ficar a fim da morte.


Altair de Oliveira – In: "O Embebedário Diverso".



Ilustração: detalhe de foto de Mauricio Simonetti.

domingo, 3 de outubro de 2010

NÓS OCULTOS


Além de ti e de mim
ocorre o nós
e os nós pelos quais

nós buscamos nos unir...


Nós
que tentamos mostrar-nos
um ser maior
para, a todo custo,
esconder
que estamos sós.


Altair de Oliveira - In- O Lento Alento


Ilustração: Abraço com janela negra, de Mário Orozco

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

LATÊNCIA


Queres mesmo saber, vou persistir

Suportar tempestades, vou ficar...

Quando o sol me bater,

vou responder

Respirar todo ar que conquistar

Vou fazer meu calor me levantar

E seguir por aí e procurar

Cultivar o melhor que aparecer

Se doer, esperar a dor passar

Nunca mais desarmar o meu amor

Nem armar de morrer, nem me matar.


Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso



Ilustração: foto da Aurora Boreal

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um Poema inédito de Altair de Oliveira!



FLERTE


Às vezes sinto que flagras
a festa que me promoves
quando teus olhos se movem
e, de repente, me afagam...
Se o teu perfume me traga
a minha boca te chove...
A minha alma se vende
ao fogo que me comove
e acende de onde estiver!
...
- O meu corpo todo te quer,
muher que muito me ascende!!!


Altair de Oliveira, In: "As Provisões Provisórias".

Ilustração: Foto da atriz americana Angelina Jolie.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

SUSTENTAÇÃO

Nestes dias de sol alto demais
a tristeza viceja no meu rosto.
Sou sintomas de luz esburacada
olhos sujos de cenas que não gosto.
Há lembranças dum sonho de herói
que forçaram ir rasgando aos poucos.
Assim mesmo disfarço que suporto
inventar de buscar a minha sorte
calo calos de mágoas que me mordem
respirando este tempo que me dói
pra fugir de ficar a fim da morte.



Altair de Oliveira – In:"O Embebedário Diverso"


sábado, 26 de junho de 2010

Inapagável Apego

INAPAGÁVEL APEGO

Apesar desta distância que nos tolhe
E da falta de teus braços, que me esfriam
Eu te afago tatuada na memória
E o fogo que respondes acaricia...
Teus olhos sagitais inda me atingem
E me fingem uma anti-última alegria...

Altair de Oliveira, In: O Lento Alento.


Ilustração: Corada de Beleza II, de Peter Max

Certidão do Caos

CERTIDÃO DO CAOS

Num arfar espásmico de gozo
vi luzir o teu ruflar de crinas
na beleza enfática dos anjos
no espanto estético dos sinos...
Num suplício trágico de último

vi giraram rápidos planetas
derretendo as cento e trinta tintas
que banhavam minha alma acesa.


Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso


Ilustração: "Anjo de Coração", de Peter Max.



sábado, 5 de junho de 2010

***


AO FIO DA MEADA


Queremos do mesmo sonho

e não sabemos

buscar urgentes e unidos

o mesmo prêmio

Que ponha fim ao cansaço

que escadeira

e esclareça o real,

tão obsceno!!!


O que castre o poder

daqueles que atrofiam

e que desintegre as idéias

que aprisionam

e que ponha à procura

os que esperam...

Mas que faça encontrar

os que procuram.

E que traga a colheita

aos que cultivam

para que tudo entre todos

se reparta

até que nas mesas fartas

falte a fome...

e a vontade de rir

assalte as caras.


Altair de Oliveira – In: “Curtaversagem ou Vice-versos”.


Ilustração: o mural "Guerra", de Cândido Portinari.

domingo, 25 de abril de 2010

LOUCO DE LUZ


Que o sol tirasse sal
da face doce
E o céu em semi-círculos
se mostrasse
Que a noite de seu ser
se repetisse
E os astros de seu sonho
orientassem.
Um dia a grande graça
aparecesse
Da pedra, um fino fio
lhe acontecesse
E o brilho breve
quase lhe cegasse.


Altair de Oliveira - In: O Lento Alento.

Ilustração: o trabalho "Pandeiro" da artista plástica e poeta Larissa Marques.

EU TE SEI

EU TE SEI


Ah! Meu amor, meu amor...

bem sei que prestas.

Pois sei que escavas em vida

espaço e pão.

Teu coração de albergue

escancarado

é sempre ponto de amparo,

ponte e chão.


Eu que bem sei das peias

que te esfolam.

E sei também das setas

que te espetam...

Sei que, apesar dos pesares,

existe a fresta

e, além de tudo, o motivo para a festa.



Altair de Oliveira – In: Curtaversagem ou Vice Verso.


Ilustração: "Esquecimento", trabalho do pintor francês Jean Delville


EXTRAVIO



Era uma vez uma via
que fez-se em mil maravilhas
num dia lindo de vez...
Talvez, pra minha alegria
- coisa que nunca se viu! –
na via que vi havia
o céu que eu tanto queria
com fogo de cio na tez.


E eu vi que a via me via
vestida em mil amavios
visando a minha avidez...
E quando investi meus navios
a via ainda me riu
e delindo, linda, desfez-se.



Altair de Oliveira, In: O Embebedário Diverso

Ilustração: foto de trabalho da pintora Beatriz Milhazes.