domingo, 30 de dezembro de 2012

Desandanças.



  DESANDANÇAS


Sou desde cedo incompleto
perto de estar descontente
busco no todo e no sempre
tomar um tento do incerto.

Esgrimo por entre as gentes
conserto meus desconcertos
e eu tento, de todo jeito,
manter um sonho por perto...

Disfarço meus embaraços,
enfrento mil contratempos
Num tempo de pouco tempo
Contemplo o pouco que faço.

Mas inda trago esperanças
que a sorte um dia me alcance
onde, apesar de impedâncias,
eu possa dançar...e não dance!



Poema de: Altair de Oliveira, In: "O Lento Alento".
Ilustração: foto de estatueta de "Degas".

Altair de Oliveira - In- O Lento Alento

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sequencial para uma Contemplação Abstrata.



SEQUENCIAL PARA UMA
CONTEMPLAÇÃO ABSTRATA 


Pressinto a festa que infesta os olhos
que bebem saias que sugerem vôos
de flores tintas que animam cores
de aves raras com motivos vivos
que giram loucos nesta dança rouca
e tomam a tarde feito revoada
inesperada de alegrados risos
de nove noivas soltas na calçada.


Poema de Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso
Ilustração: foto de bailarina de Dança Flamenca.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sintomas de tu Ausencia

SINTOMAS DE TU AUSENCIA



Lueve alla afuera 
y es invierno en mi pecho
Tu ausencia dibuja un mundo gris
Tu contagio latente manifiesta
Recojo tu perfume rarefacto...

Todo en mi te reclama 

y te necesita
Mi corazon de valvula sangrienta
me impregna la mente 

y me ordena:
"Buscarte como un loco 

entre las caras!"
Me coloca en la calle atropellando miedos
 Para encontrarte al sur de la madrugada
Desnuda de todo y de cualquiera que nos separe
Ardiendo en fiebre y con el amor preso entre  los dedos.



Tradução do Nicaraguense Rodolfo Jimenez
Poema de Altair de Oliveira, In: " Curtaversagem ou Vice-Versos."



      ***


Versão Original:


SINTOMAS DE AUSÊNCIA TUA  


Chove lá fora 
e é inverno no meu peito
A tua ausência desenha 

um mundo cinza
O teu contágio latente manifesta 
Garimpo o teu perfume rarefeito... 

Tudo em mim te cobra e te precisa.
Meu coração de válvula sangrenta 
Me impregna na mente e me ordena: 
"Te procurar feito louco 

entre as caras!"
Me põe na rua atropelando medos 
Pra te encontrar no sul da madrugada
Nua de todo e qualquer que nos separe
Ardendo em febre e o amor preso entre os dedos
.






Altair de Oliveira
- In: "Curtaversagem ou Vice-versos".

sábado, 1 de setembro de 2012

Poemia

POEMIA
  

Ah! ...esta noite procurada!
Ah! ...esta noite bem surgida!
Para afogar estas mágoas,
                que sempre nadam...

E ficar de bem co'a vida!!!


Poema  de: Altair de Oliveira  
In: Curtaversagem ou Vice-Versos.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Ave - Palavra


AVE-PALAVRA


A palavra quase falava
Furtava cores da vida...
Se lida, sinalizava
Asas que usava escondida
Se escrita se descompunha
E se punha toda ostensiva
Flertando desinibida,
Expondo vários sentidos
Somente para despertar
A voz que quer ser servida
E voar na vez de ser vida
Rindo e mostrando as vergonhas
Vibrando em festa no ouvido!!!


Altair de Oliveira - In: O Lento Alento

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ao Fio da Meada


AO FIO DA MEADA


Queremos do mesmo sonho 
                     e não sabemos
buscar urgentes e unidos 
                     o mesmo prêmio
Que ponha fim ao cansaço 
                     que escadeira
e esclareça o real, 
                     tão obsceno!!!
O que castre o poder daqueles 
                     que atrofiam
e que desintegre as idéias 
                     que aprisionam
e que ponha à procura 
                     os que esperam...
Mas que faça encontrar 
                     os que procuram.
E que traga a colheita 
                     aos que cultivam
para que tudo entre todos 
                     se reparta
até que nas mesas fartas 
                     falte a fome...
e a vontade de rir assalte as caras!



Altair de Oliveira – In: “Curtaversagem ou Vice-versos”.
Ilustração: "Colheita de Trigo", de Enrico Bianco.

domingo, 20 de maio de 2012

Distâncias


DISTÂNCIAS


Pudesse, eu seria doce
e, se desse, desde o começo
de sede, eu viesse cedo
relendo o seu endereço.

E fosse avesso do avesso,
azul do tanto que houvesse
ousasse um gesto de gesso
num beijo gosto de festa.

e  nunca mais me esquecesse
feliz em todas as espécies...
Por mais que a vida nos perca
e a morte esperta nos pesque. 



Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso
Ilustr.: "A Convalescente", de Tamara de Lempicka.