Se conheceram outrora

num tempo impróprio e incerto
queriam ficar bem perto
e dar-se um para o outro...
Estavam tão defasados,
separados, proibidos,
que foram então atirados
distantes de alma e corpo.
Por várias vezes viveram,
em espaço e tempo diverso.
Esparsos se procuraram
desesperados de espera...
E quando, enfim, se encontraram
no céu, talvez no inferno
ou alhures no futuro,
tiveram tantos orgasmos,
paralelos, multiplados,
com espasmos de amor puro,
triloucos e superintensos,
que penso: se dissiparam...
Poema de Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso
Ilustração: "O Casal", de René Magrite.