quarta-feira, 19 de abril de 2017

NOVOS POEMAS

       - I - 


...DÓ!


Não sou com falta de ti
Estou num estado de dó...
Sou nem a sombra de mim.
Assim, sem ti, eu sou só
Um estágio antes do fim,
entravo em treva de pó...
Sou só  quando estou em ti
E, estando em ti, eu sou sol!


           Altair de Oliveira - In: "Dó!"


     - II -


COMIGO AMIGO INIMIGOS

Ué, sou eu o eu que me habita!
Me irrita ver que o sigo feito um cego
Mas me excita, pois consigo ser seguido
Por tantos outros eus que eu carrego
E que nem sempre obedecem ou dão ouvidos
Aos ritos que eu prego e que eu sigo
Ou às metas que me entrego e que persigo
De me encontrar em paz e envolvido
Em como ver meu bem de bem comigo.


               Altair de Oliveira - In: "Dó!"



Poemas: Altair de Oliveira.
Ilustração: Trabalho do pintor alemão Emil Nödel

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


CANTIGA DO FIM DO MUNDO


Detal. Dia de Chuva - O. Goeldi
Notava que você guardava em mim
Um brilho que curava o desamparo  
E eu ousava acreditar que era caro
e com forças e coragens de vencer!


O mundo com você se comportava,
lograva me esconder as coisas ruins,
que, perto de você, se dissipavam...


O mundo com você criava, sim,
um mundo de alegria e de prazer!
E, contigo, ele fingia não ter fim...

 




Um poema de Altair de Oliveira, In: "Dó".

domingo, 1 de dezembro de 2013

O Chamado



O CHAMADO


O teu perfume não falha
fala num tom comovido
de teu desejo guardado
bordado em dias compridos
que agora quer se entregar...
tragar-me ao me ser servido!

O teu perfume me toca,
e me evoca todos os sentidos
Eu sinto que me convocas,
ardente sob o vestido...
Promete os sétimos céus
dos paraísos perdidos!

O teu perfume me clama,
me chama de "meu querido"
Me acorda fazer deleites
com condimentos contidos
e me ataca tão com amor...
que então, amor, eu revido!


Altair de Oliveira - In- O Lento Alento

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Canto Arriscado.

CANTO ARRISCADO

Rouxinol canta só tocar a rosa
quando um dia encontrá-la no caminho.
Ser da flor quando ela florescer
e motivá-la a corar-se langorosa.
Quer prendê-la, tremendo de prazer,
afagar-lhe as pétalas em desalinho,
e beber todo o néctar que ela dosa,
e provar-lhe o  perfume escondidinho!
Sem temer o que possa acontecer,
se vier a cair no entorpecer
e ocorrer de morrer em seus espinhos.
 ....................................................
Rouxinol conta só tocar a rosa,
instrumento que aumenta o seu carinho!







 Altair de Oliveira - In: "A Grande Coisa".

domingo, 31 de março de 2013

A Grande Coisa!!!


Novos poemas, novo livro.  Assim sempre foi o meu método caótico (anárquico?) de publicar meus poemas: publicar sempre que tivesse escrito algo publicável numa quantia suficiente para compor um livro de 64 páginas. Então eis "A Grande Coisa"! O título vem de uma própria expressão minha ao ler e reagir à frase seguinte, do poeta e escritor francês Anatole France, sobre a utilidade de poetas e poesia: "Os poetas ajudam-nos a amar: só servem para isso."  Soou-me,  na ocasião,  que o tom "grande coisa", possivelmente proferido ironicamente por pessoas que não gostam de poesia, portanto condenadas a viver sem ela,  seria cimentado pelo tom orgulhoso  "a  grande coisa" daqueles que gostam de poesia e precisam dela para viver. Serventia de "ajudar a amar" é realmente uma grande coisa!

Enfim, o livro promete vir para o segundo semestre de 2013, por enquando estou ainda arrebanhando os poemas que escrevi de 1980 até a presente data, estou coletando opiniões sobre eles enquanto reúno moedas para os custos gráficos - isto nada tem a ver com projetos e antiprojetos de leis de incentivos às culturas! - e estou também trabalhando uma capa com um desenho de minha amiga e grande pintora Vitória Basaia. Tento fazer bonito!

O livro, que já teve alguns poemas divulgados em blogs e jornais do país (Flerte, O Vivente, Rondel Enluarado, Vias Ínvias, etc) e também teve alguns poemas musicados, como por exemplo este "Silêncio, saudade brava!" que tornous-se musical pelas mãos do grande compositor amazonense João Cândido (O Candinho da dupla "Candinho & Inês"), é o meu quinto livro de poemas e deve ser vendido por um preço de capa de R$ 15,00 (quinze reais).  Por enquanto eu posto aqui mais 2 poeminhas dele, para a vossa preciosa apreciação. Obrigado!


 
SILÊNCIO, SAUDADE BRAVA!

Insone no apartamento
ouvindo tudo de nada
eu, paro por um momento,
atento na madrugada.

Não há ruído de rua
Não há salto na calçada
Estranho a falta de lua
Estrelas muito caladas!

Escuto nesta cidade
Que anda muito parada
Me bate a tua saudade
Que late desesperada.

Não há um som que se acorde
Numa cantiga de nada
Só tua saudade  morde
Só tua saudade nada.

Altair de Oliveira, In: "A Grande Coisa."


   ***

DESPRENDEM-SE FUTUROS DO PRESENTE!


Passado o meu passado,
em meu presente,
pressinto de repente
um mal estado
de ainda ter futuro de presente
depois de tê-lo um dia no passado...

Passado o meu futuro do passado
eu tento ver o que saiu errado
e é como houvesse um furo no futuro
e o meu presente ter se esvaziado...

Pudesse, eu rasgaria este presente!
Soubesse, o comeria malpassado...


Altair de Oliveira, In: "A Grande Coisa."



   ***

Poemas: textos de "Altair de Oliveira", In: "A Grande Coisa."
Ilustrações: Fotos de 2 trabalhos  da série "Anjos & Santos" da pintora matogrossense "Vitória Basaia".

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tentação Por Retentiva



TENTAÇÃO POR RETENTIVA


Todo dia eu ressuscito
A tua lembrança abatida
Dou-te salvas, dou-te vivas!

Eu te lembro sempre bonita,
Suscinta e cheia de risos.

- Suscito-te muito linda!!!

Te vivo continuando...
( ...e  faço por que preciso!)

Eu ando te dando vida!
Como a que vais me levando...



Poema de Altair de Oliveira - In- O Lento Alento 
Ilustração: Vestido de Anna K.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Desandanças.



  DESANDANÇAS


Sou desde cedo incompleto
perto de estar descontente
busco no todo e no sempre
tomar um tento do incerto.

Esgrimo por entre as gentes
conserto meus desconcertos
e eu tento, de todo jeito,
manter um sonho por perto...

Disfarço meus embaraços,
enfrento mil contratempos
Num tempo de pouco tempo
Contemplo o pouco que faço.

Mas inda trago esperanças
que a sorte um dia me alcance
onde, apesar de impedâncias,
eu possa dançar...e não dance!



Poema de: Altair de Oliveira, In: "O Lento Alento".
Ilustração: foto de estatueta de "Degas".

Altair de Oliveira - In- O Lento Alento